segunda-feira, 19 de maio de 2008

A esperança faz a mudança


Desde os tempos da minha infância que oiço dizer, pela boca dos mais velhos e portanto daqueles que são portadores da experiência da vida, que «A esperança é a última a morrer». Na ignorância da minha tenra idade nunca soube conotar estas palavras com o devido valor. Só ao longo da vida me fui apercebendo da sabedoria que continha esta afirmação.
De facto, a esperança constitui-se como elemento essencial na modelação do presente e, consequentemente, na construção do futuro. Vejamos a título de exemplo a execução do General sem medo. Humberto Delgado, admirado e idolatrado pelo povo, representou uma forte oposição ao regime salazarista, tentando derrubá-lo através de eleições. É certo que Humberto Delgado foi morto e não conseguiu cumprir o seu objectivo. No entanto, tornou-se num herói capaz de despertar e alimentar a esperança de um povo. Esperança essa que culminaria com a Revolução dos Cravos e a queda do regime a 25 de Abril de 1974.
Também em Maio de 1968, a esperança de um grupo de jovens intelectuais e trabalhadores se manifestou em França na luta por um mundo melhor. Maio de 68 não foi apenas uma revolução estudantil. Foi um movimento que atravessou fronteiras e fez tremer uma nação.
Em suma, a luta pela liberdade fez-se sempre de mãos dadas com a esperança. Só a esperança foi capaz de permitir a mudança. Como diria uma estudante em Maio de 1968: «Sejamos realistas, exijamos o impossível.». Hoje e sempre devemos lutar pelos nossos ideais, mesmo que estes nos pareçam impossíveis, porque a esperança será sempre a última a morrer.

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